terça-feira, 10 de agosto de 2010

Expansão Marítima

A Península Ibérica durante muitos anos foi habitada por muitos povos de diversas raças, havendo então uma mestiçagem racial. Tiveram épocas como: “[...]no século XIII, em que os ritos cristãos, mulçumanos e judaicos eram celebrados amigavelmente no mesmo templo”. (BOXER in O Império Marítimo Português 1415-1825), porém esse relacionamento pacífico não ocorrera por toda história.
No ano de 1000 d.C muitos acreditavam que o mundo terminaria na virada do milênio, com essa crença houve um aumento da peregrinação até Jerusalém em busca do perdão, porém, em 1071, a Terra Santa foi tomada pelos turcos, que passaram a se mostrar hostis aos cristãos. Em consequência desse fato, os cristãos organizaram as cruzadas que foram várias expedições de guerra com o objetivo de expulsar da Terra Santa os "infiéis", havendo então um movimento onde vários contingentes militares que saíram da Europa Feudal rumo às terras localizadas no mundo oriental.
É nesse espírito que surge a Reconquista Cristã, em que cristãos na Península Ibérica lutaram para expulsar os muçulmanos e também expandir seus territórios, este fato, levou à criação de reinos cristãos, entre eles o que conhecemos hoje por Portugal, e que antes da fundação do Estado não há vestígios coerentes de uma nacionalidade portuguesa. Segundo Mattoso o primeiro fato que se pode relacionar com a futura nacionalidade portuguesa é, aquele em que se verifica a associação de dois antigos condados pertencentes cada um deles a uma província diferente em que os cavaleiros D. Henrique e D.Raimundo quando chegaram à Península Ibérica com o objetivo de combater os infiéis, acabaram casando-se com as filhas de D. Afonso VI, recebendo então dois feudos. D. Henrique(Portucale) e D. Raimundo(Galiza) e quando D. Afonso VI faleceu ocupou o território de Leão.
Assim, vemos territórios independentes e no caso de Portugal que consolidou-se antes da Espanha, isso porque depois da grande expansão territorial da segunda metade do século XI à custa do território islâmico levaram a grandes remodelações internas. Como cita Mattoso in História de Portugal: “[...]ai canalizarem para a guerra fronteiriça todos os filhos que não sucediam na chefia, começaram a organizar-se em tronos verticais à imagem da casa real, o que permitia às mais poderosas famílias mantém intactos através de várias gerações os seus poderes locais solidamente ampliados em domínios fundiários.’’ Assim vemos que houve um apoio na luta contra os mouros, a população ‘’portuguesa’’ deu apoio político e social ao Conde Henrique, além disso com as conquistas houve um aumento demográfico.
Com essas características particulares podemos então entender o tema tão discutido entre estudiosos que é se houve ou não feudalismo em Portugal. Antes de abordarmos esse assunto devemos tomar cuidado para não cometermos anacronismo, que segundo Mattoso muitos autores acabam cometendo quando escrevem sobre Feudalismo. Em sua obra Fragmentos de uma Composição Medieval, Mattoso nos mostra alguns equívocos que autores cometem, porém admite a importância de todos, como reconhece eles são: ‘’[...]de maior importância para desbravar um terreno difícil e para delimitar melhor em que condições e de pontos de vista podemos falar de um feudalismo português’’.
Mattoso afirma que houve feudalismo em Portugal, porém devemos entender que no século XII não havia ainda uma questão de nacionalidade como citado anteriormente, assim Portugal tenta construir e caracterizar sua identidade portuguesa assumindo características totalmente distintas do restante da Europa Ocidental. Uma dessas características é que as terras que o rei distribuía aos nobres, não eram dadas em caráter hereditário. Quando estes morriam, as terras voltavam ao rei. Além disso, o rei entregava a terra sob a condição de poder reavê-la quando assim decidisse. Devido a isso, era raro, os senhores possuírem autonomia sobre os seus feudos, vemos então que o poder do feudalismo não possuía em uma instituição como ocorre no feudalismo francês, alemão em que há um momento de juramento/acordo oficial além de existir uma escravatura, em Portugal, o poder era pessoal, no caso um Rei que tinha carisma e desde o século XII já existiam muitos trabalhadores assalariados no campo e foi durante o reinado da dinastia de Borgonha(1139-1383) que configuraram-se plenamente as características do feudalismo português.
A economia de Portugal era essencialmente agrária, porém, com a crise do século XIV que atingiu toda a Europa, da consciência dos comerciantes e banqueiros europeus despertara para o fato de que o mercado no continente era instável e limitado e que se tornava necessário encontrar novos fornecedores de matérias primas e consumidores de seus produtos manufaturados. Além disso, os metais preciosos com que se cunhavam as moedas escasseavam (devido ao déficit em relação ao comércio com as Índias), impondo-se sua busca em outras regiões fora da Europa.
A expansão marítima foi consequência direta dessa situação. Sua realização, entretanto, deveu-se também, ao conjunto de outros fatores como por exemplo, quebra do monopólio italiano, progresso tecnológico, fascínio pelas Índias, queda de Constantinopla e expansão da fé cristã. Foram vários motivos que contribuíram ao pioneirismo português à as navegações como: ‘’Enquanto a Europa mergulhava em intermináveis guerras de poder sob bandeiradas religiosas, o que fazia correr então os portugueses? A fome de ouro e das riquezas, o cheiro da canela, a fama, o medo com as suas correias de obediência, a ânsia de poder, a fé em Deus, essencial para esconjurar os demônios e a morte e para o perdão dos horrorosos pecados, o espírito de aventura, o desejo de ir mais além, o apelo do desconhecido. Tudo isso e muito mais impulsionou a corrida’’. (COELHO p.89).
Além dessas características, a posição geográfica de Portugal privilegiada, a necessidade dos portugueses realizarem atividades marítimas, centralização monárquica precoce, avançada arte Náutica e principalmente a paz interna que encontrava-se Portugal fez com que fossem os pioneiros a se lançarem ao mar.
Vemos então, que para entendermos a expansão marítima temos que conhecer a História Ibérica, pois sem ela não entenderíamos o motivo do pioneirismo português.
Bibliografia:
MATTOSO, José. História de Portugal- Editora UNESP. Pgs. 7-17
MATTOSO, José. Fragmentos de uma Composição Medieval- Editorial Estampa, 1997. Pgs.115-147
COELHO, Antônio Borges. Os argonautas portugueses e seu velo de ouro(séculos XV-XVI). Pgs. 87-105
BOXER, Charles R. O Império Marítimo Português 1415-1825. SP, Cia. das Letras, 2006. Pgs 16-17

2 comentários:

  1. eo que e que justifica Portugal andar a vender seres humanos? porque e que PT vende os filhos dos outros e nao os seus? ninguem as besuguitas de ca e isso? ou sera porque os "porcos2 de ca la foram fizeram do trafico humano uma boa entreada de receitas para um Pias em rei nem roque???! Os Tugas la fora sao vistos como :for sale! na sua maioria!

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    1. Zinaide, você estagnou na idade média! E xenofobia é crime. Cultive-se por favor!

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