O sociólogo francês Pierre Bourdieu foi um dos mais
reconhecidos e aclamados pesquisadores do século XX. Seus estudos e reflexões
tornaram-se referência na Antropologia, na Sociologia e em diferentes áreas do saber
como a arte, a política, a literatura e até a educação. Suas análises
primorosas fazem com que possamos enxergar as estuturas desse mundo de uma
forma crítica e reflexiva, estabelecendo conexões e compreendendo conceitos
complexos.
Um destes conceitos trabalhados por Bourdieu tange nas classes sociais e na distribuição de renda.
Para o pesquisador, a posição que ocupamos no espaço social depende dos
capitais que possuímos. No caso, existe uma distinção explicitada pelo autor a
respeito dos diferentes tipos de capital.
O primeiro deles é o capital
econômico que é responsável pelos recursos financeiros; o segundo é o capital social que seria a capacidade de
estabelecer relações sociais; o terceiro seria o capital cultural, no caso seria o que herdamos de nossa família ou
o que é obtido no sistema educativo e por fim o capital simbólico que relaciona-se com a honra, a autoestima e até
o prestígio.
Todos esses tipos de capitais explicitados por Bourdieu podem ser
relacionados com a reportagem escrita por Cristina Delgado do jornal El País. No caso, o capital econômico
pode ser representado no setor de bancos de investimento. Já o capital social
pode ser observado nos candidatos a vaga que possuem vantagens cuja a adequação
é associada especialmente com os indicadores de status da classe média ou alta. Em relação ao capital cultural,
pensam os méritos acadêmicos quando frequenta uma universidade de elite. Por
fim, o capital simbólico é representado inclusive pela maneira de se vestir.
Outro aspecto trabalhado pelo
autor que também pode ser relacionado com o texto é em relação a violência
simbólica, que no caso seria:
Essa violência simbólica
poderia ser visualizada na forma da vestimenta dos candidatos a vaga de bancos
de investimento. Como funcionários, ex diretores e até recrutadores afirmaram
que o modo de se vestir e se portar impera, provocando a exclusão de diversos
candidatos.
Tal tipo de violência está
presente a todo instante em nossa sociedade, estipulando como devemos nos
vestir, nos portar, falar e até dar risada. Apesar de para muitos parecer um
“grande exagero” ou até uma “teoria da conspiração”, podemos observar
diferentes casos que demonstram como esse tipo de violência que discrimina,
repreende e ofende as pessoas faz parte do no dia-dia.
Outro exemplo, não mais
relacionando a cor dos sapatos mas sim o seu estereótipo do corpo das mulheres
foi divulgado dia 15 de Fevereiro pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) que
revelou que a aparência física é considerada um fator importante de
discriminação na busca por um emprego, principalmente para as mulheres. No caso
o excesso de peso pode ser considerado um grande impecilio para o mercado de
trabalho. Segundo a OIT 30% das mulheres se sentiram discriminadas pelo excesso
de peso enquanto 13% dos homens reclamaram do mesmo problema.
A mulher é mais atingida pelo
fato das diferentes violências simbólicas serem representadas em diferentes
instancias como na “inocente” imagem das princesas da Disney em que mostram
como a mulher deve ser, falar e se portar. Afinal a mulher deve se portar como
uma princesa ou até no símbolo bíblico representada por Eva em que a culpa de
todos os pecados do mundo é carregado nas costas de uma mulher.
Com isso, observa-se o quanto
vivemos repletos de símbolos e significados que fazem com que muitas vezes nem
percebemos a complexidade de fatos e escolhas como a de um “simples” sapato.
REFERÊNCIAS:
BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003a.
BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. 6. Ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003. http://articulacaosindical.com.br/conjuntura/aparencia-fisica-e-motivo-de-discriminacao-para-30-de-desempregadas-45a3/
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