domingo, 5 de março de 2017

TIPOS DE CAPITAL SEGUNDO PIERRE BOURDIEU

O sociólogo francês Pierre Bourdieu foi um dos mais reconhecidos e aclamados pesquisadores do século XX. Seus estudos e reflexões tornaram-se referência na Antropologia, na Sociologia e em diferentes áreas do saber como a arte, a política, a literatura e até a educação. Suas análises primorosas fazem com que possamos enxergar as estuturas desse mundo de uma forma crítica e reflexiva, estabelecendo conexões e compreendendo conceitos complexos.

Um destes conceitos trabalhados por Bourdieu tange nas classes sociais e na distribuição de renda. Para o pesquisador, a posição que ocupamos no espaço social depende dos capitais que possuímos. No caso, existe uma distinção explicitada pelo autor a respeito dos diferentes tipos de capital.

O primeiro deles é o capital econômico que é responsável pelos recursos financeiros; o segundo é o capital social que seria a capacidade de estabelecer relações sociais; o terceiro seria o capital cultural, no caso seria o que herdamos de nossa família ou o que é obtido no sistema educativo e por fim o capital simbólico que relaciona-se com a honra, a autoestima e até o prestígio.

Todos esses tipos de capitais explicitados por Bourdieu podem ser relacionados com a reportagem escrita por Cristina Delgado do jornal El País. No caso, o capital econômico pode ser representado no setor de bancos de investimento. Já o capital social pode ser observado nos candidatos a vaga que possuem vantagens cuja a adequação é associada especialmente com os indicadores de status da classe média ou alta. Em relação ao capital cultural, pensam os méritos acadêmicos quando frequenta uma universidade de elite. Por fim, o capital simbólico é representado inclusive pela maneira de se vestir.

Outro aspecto trabalhado pelo autor que também pode ser relacionado com o texto é em relação a violência simbólica, que no caso seria:

Violência simbólica, violência suave, insensível, invisível as suas próprias vítimas, que se exerce essencialmente pelas vias puramente simbólicas da comunicação e do conhecimento, ou, mais precisamente, do desconhecimento, do reconhecimento, ou em última instância, do sentimento. Essa relação social extraordinariamente ordinária oferece também uma ocasião única de apreender a lógica da dominação, exercida em nome de um principio simbólico conhecido e reconhecido tanto pelo dominante quanto pelo dominado, de uma prioridade distintiva, emblema ou estigma, dos quais o mais eficiente simbolicamente é essa propriedade corporal inteiramente arbitrária. (BOURDIEU, 2000, p. 7-8)


Essa violência simbólica poderia ser visualizada na forma da vestimenta dos candidatos a vaga de bancos de investimento. Como funcionários, ex diretores e até recrutadores afirmaram que o modo de se vestir e se portar impera, provocando a exclusão de diversos candidatos.

Tal tipo de violência está presente a todo instante em nossa sociedade, estipulando como devemos nos vestir, nos portar, falar e até dar risada. Apesar de para muitos parecer um “grande exagero” ou até uma “teoria da conspiração”, podemos observar diferentes casos que demonstram como esse tipo de violência que discrimina, repreende e ofende as pessoas faz parte do no dia-dia.

Outro exemplo, não mais relacionando a cor dos sapatos mas sim o seu estereótipo do corpo das mulheres foi divulgado dia 15 de Fevereiro pela  OIT (Organização Internacional do Trabalho) que revelou que a aparência física é considerada um fator importante de discriminação na busca por um emprego, principalmente para as mulheres. No caso o excesso de peso pode ser considerado um grande impecilio para o mercado de trabalho. Segundo a OIT 30% das mulheres se sentiram discriminadas pelo excesso de peso enquanto 13% dos homens reclamaram do mesmo problema.

A mulher é mais atingida pelo fato das diferentes violências simbólicas serem representadas em diferentes instancias como na “inocente” imagem das princesas da Disney em que mostram como a mulher deve ser, falar e se portar. Afinal a mulher deve se portar como uma princesa ou até no símbolo bíblico representada por Eva em que a culpa de todos os pecados do mundo é carregado nas costas de uma mulher.


Com isso, observa-se o quanto vivemos repletos de símbolos e significados que fazem com que muitas vezes nem percebemos a complexidade de fatos e escolhas como a de um “simples” sapato.

REFERÊNCIAS:
http://www.infoescola.com/biografias/pierre-bourdieu/
BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003a.
 BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. 6. Ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003. http://articulacaosindical.com.br/conjuntura/aparencia-fisica-e-motivo-de-discriminacao-para-30-de-desempregadas-45a3/

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