segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Gilberto Freyre

“Um livro é a prova de que os homens são capazes de fazer magia”.
Carl Sagan


A obra Casa Grande e Senzala escrita pelo pernambucano Gilberto Freyre e publicada em 1933, “[...]é a obra de interpretação do Brasil mais conhecida no país e mais traduzida e editada no exterior” (José Carlos Reis- p.51), nela Freyre preocupa-se em mostrar a figura do brasileiro já que depois de viver três anos fora de sua pátria o autor conseguiu ver pela primeira vez a figura de nosso povo como sendo “miscigenado”, isso ocorreu através de marinheiros brasileiros que estavam em Nova York como o autor nos revelou no prefácio de sua 1ª edição.
Reconhecendo a figura do brasileiro Freyre conseguiu revolucionar além dos estudos da historiografia brasileira já que ele: “[estudou o cotidiano, um campo de pesquisa social então original, inovador[...]” (Bastos, 1986), conseguiu mudar a forma que o mundo olhava para o Brasil como Skidmore, 1944; Ortiz, 1985 citaram “Até 1930, pensou-se que a miscigenação tinha comprometido definitivamente o futuro do Brasil.” e Freyre nega esse pensamento da época trazendo inclusive uma nova interpretação da miscigenação que se tornará até uma referência para o mundo pós-1945.
Desta maneira Freyre conseguiu ser revolucionário, rompendo com o pensamento da época e fazendo com que as outras pessoas de diferentes países tivessem um novo olhar para o Brasil e não como “país fadado ao fracasso”. Entretanto, este novo olhar que Freyre mostrou em sua obra acaba contento o mito de democracia racial, já que nela Freyre afirma que o encontro das três raças que constituíram o povo brasileiro “foi um encontro fraterno, solidário, generoso, democrático, viabilizado pela miscigenação” e, “[...] o branco tratou o escravo com bondade, suavidade e ternura”, tanto que a criança negra era “companheira em brincadeiras infantis” da criança branca.
Além desse equívoco ou talvez ingenuidade Freyre acaba sendo também conservador quando se aproxima do pensamento de Varnhagen fazendo um reelogio da colonização portuguesa e afirmando que é injusto acusar os portugueses de terem manchado com a escravidão a sua obra grandiosa de colonização justificando que “O meio e as circunstâncias exigiram o escravo”, tendo um olhar “branco”, aristocrático, elitista do Brasil. Essas afirmações fazem com que os Marxistas se oponham vigorosamente a Freyre por ser considerado um intelectual de direita, e pelo [...]cinismo ao falar de “democracia racial” para se referir à realidade brasileira escravista”. (Mota.-1978).
Vemos então a polêmica que gera em torno da obra de Freyre, pelo que ele afirmou e elogiou, mas o que realmente importa como cita REIS é o intenso debate que esta obra provocou em torno do passado, presente e futuro do Brasil, por isso a importância de sua leitura já que como Febvre cita: “[...]Ele não oferece respostas fortes, mas nos convida a refletir sobre a questão maior do século XX: é possível uma única, civilização na qual todos possam encontrar a sua pátria cultural?

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