segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Casa Grande e Senzala - Gilberto Freyre

A obra Casa Grande e Senzala escrita pelo pernambucano Gilberto Freyre e publicada em 1930, “[...]é a obra de interpretação do Brasil mais conhecida no país e mais traduzida e editada no exterior” (REIS- p.51). Ela teve grande importância para o futuro do Brasil, já que, até 1930, pensou-se que, por conta da miscigenação o Brasil estava fadado ao fracasso.
Nessa perspectiva Freyre vem na contramão desse pensamento da época afirmando que essa cultura é interessante justamente por ser miscigenada. Além disso, Freyre inovou as fontes historiográficas, pois, mostra setores do cotidiano, como por exemplo, no seguinte fragmento de Casa Grande e Senzala: “Por mais esquisito que se pareça, faltavam à mesa da nossa aristocracia colonial legumes frescos, carne verde e leite”. (p. 98)
Além desta minuciosidade com que o autor escreve, Freyre discute a questão da identidade do brasileiro. Questão que até hoje é levantada por pesquisadores como é o caso do antropólogo Roberto DaMatta que em seu livro “O que faz o brasil Brasil?” propõe reflexões sobre o que nos faz ser brasileiro e o que nos distingue de outras “culturas”- conceito este, que também foi abordado por Freyre, pois, tira a categoria de raça, e, em seu lugar, coloca a categoria de cultura.
No primeiro capítulo de seu livro, Freyre mostra as características gerais da colonização portuguesa do Brasil. Logo nas primeiras páginas Freyre aponta algumas características do português que possibilitaram a colonização do Brasil: “Outra circunstância ou condição favoreceu o português, tanto quanto a miscibilidade e a mobilidade, na conquista de terras e no domínio de povos tropicais: a aclimatabilidade”. (FREYRE, p. 72)
No entanto, Freyre mostra que os portugueses encontraram dificuldade no território brasileiro, como por exemplo quando mostra que: “ O português vinha encontrar na América tropical uma terra de vida aparentemente fácil; na verdade dificílima para quem quisesse aqui organizar qualquer forma permanente ou adiantada de economia e sociedade. “ (p. 16) Isso porque segundo Freyre viver na América Tropical acabava sendo pernicioso, devido a vida vegetal e animal que eram inimigas de toda agrícola organizada e de todo trabalho regular sistemático, porém em Casa Grande e Senzala Freyre fala que mesmo com enormes dificuldades impostas, este conseguiu sobreviver, colonizar e unificar essa enorme colônia em condições adversas.
Além desta afirmação, Freyre diz que o principal agente da colonização no Brasil é a família, e que, “A nossa verdadeira formação social se processa de 1532 em diante, tendo a família rural ou semi-rural por unidade [...]” (p. 85), o escritor aponta que a colonização portuguesa do Brasil tomou desde cedo rumo e aspectos sociais tão distinto da teocrática devido a presença de um elemento ponderador como a família rural, ou antes, latifundiária. Vemos isso quando pensamos nas regiões produtoras de açúcar em que a religiosidade era mais frouxa, diferentemente da região das minas em que a religiosidade era mais marcada e inclusive havia muitos conflitos entre os jesuítas e a Coroa. Freyre também destaca o papel fundamental dos jesuítas para o Brasil, já que estes construíram uma língua geral, dando uma unidade.
A sociedade brasileira se forma, no complexo agrário-exportador baseado na escravidão do negro e na monocultura do açúcar, modelo depois seguido pela atividade mineradora ou pastoril e pelas fazendas de café, porém mesmo que a economia da aristocracia mude, “[...] manteve-se o instrumento de exploração: o braço escravo”. (p. 93), e Freyre diferente de Varnhagen e vários outros autores da época reconhece a importância que o negro teve no Brasil, exaltando a capacidade que tinham, rompendo com a ideologia racista da época.
Desta forma, vemos que mesmo Freyre tendo criado o “mito da democracia racial” apontando que as diferentes culturas se davam muito bem, inclusive a sífilis que matou tanta gente foi devido ao sexo sem limites entre as diferentes culturas, já que estas se davam muito bem, não podemos esquecer que Freyre inovou o modo de fazer história, com pesquisas aprofundadas e conseguiu mudar a visão dos outros com um país que era fadado ao fracasso.

Um comentário:

  1. Paula, Há dois errros em seu artigo sobre Freyre. O primeiro é grosseiro: o ano da primeira edição da obra CG&S não é 1930, mas 1933. A segunda é que para Freyre o verdadeiro colonizador do Brasil não foi a família, mas o negro.
    Abraços
    Sergio Fonseca

    ResponderExcluir

teste

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...