quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

TEMPO E MARC BLOCH

O livro Apologia da História escrito pelo consagrado historiador Marc Bloch busca basicamente desconstruir a escola historiográfica anterior – os Metódicos, que chamam de positivistas – criando um novo método para os historiadores.
O primeiro capítulo do livro: A história, os homens e o tempo situa a história em seu tempo. No entanto, Bloch faz muitas reflexões a respeito desse tempo já que pelo que pude perceber no decorrer do capítulo o autor nos mostra que a História não está atrelada apenas aos fatos e datas. Busca-se a partir de então, uma história que consiga compreender as relações que se deram através dos fatos, suas problematizações e seu contextos históricos. Indicando dessa maneira que o seu objeto não era o passado, mas o homem, mais precisamente os homens no tempo.
Além desse aspecto, pude observar que Bloch não considera correto os historiadores ficarem tão preocupados em saber a origem dos fatos. Vemos está “ânsia” desesperada dos historiadores em encontrar a origem dos fatos nos fragmentos abaixo:
“Mas entre os dois sentidos frequentemente se constituiu uma contaminação tão temível que não é em geral muito claramente sentida. Para o vocabulário corrente, as origens são um começo que explica. Pior ainda: que basta para explicar. Aí mora a ambiguidade; aí mora o perigo.” (p. 57)
“O passado só foi empregado tão ativamente para explicar o presente no desígnio do melhor justificar ou condenar. De modo que em muitos casos o demônio das origens foi talvez apenas um avatar desse outro satânico inimigo da verdade histórica: A mania do julgamento.” (p.58)
No entanto, estas afirmações não significam que Bloch considera que o passado seja irrelevante, mas que o historiador não deve se desprender do presente para entender o passado.
Assim, Marc Bloch considera que antes de tudo o historiador deve entender o seu tempo, ou seja: O PRESENTE, para que assim consiga estabelecer relações deste presente com o passado.
Vemos então, a importância que o presente tem para Bloch. Assim, entender o passado isoladamente, principalmente quando “busca-se as origens” não significa compreende-lo, pois se torna supérfluo para compreensão do mais recente, já que a compreensão vem quando o historiador primeiramente entende sua época.
Para corroborar com essa afirmação, na página 60 do livro Apologia da História, Bloch se referiu ao provérbio árabe para mostrar a importância do presente: “Os homens se parecem mais com sua época do que com seus pais.”

Um comentário:

  1. Olá Paula! este vem a ser meu primeiro comentário no seu blog, que aliás possui uma proposta fantástica. Bem, seria mais uma recomendação: não sei se você já teve contato com o livro "A Escola dos Annales", de Peter Burke, mas ele oferece um panorama exemplar das propostas que Bloch e seu companheiro, Febvre, insistiam em colocar em discussão ante a contestada "história antiga".
    espero que tenha ajudado. E parabéns pelo Blog!

    Renan Lacerda lacerda.renan@hotmail.com

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