quinta-feira, 7 de março de 2013

Hacienda e as missões jesuíticas


``Honrai a todos. Amai aos irmãos. Temei a Deus. Honrai ao rei.
1 Pedro 2:17``

Esta é uma passagem da Bíblia Sagrada que trata da questão do respeito ao próximo. Como podemos interpretar segundo está passagem, devemos amar uns aos outros. No entanto, a mesma Igreja Católica que hoje defende esta forma de amor, na época colonial tinha um pensamento bem diferente do proposto na Bíblia já que fazia diferença entre as pessoas para seguir uma lógica mercantil. 
Isso fica claro quando nos remetemos ao tipo de mão-de-obra portuguesa defendida pelos jesuítas que segundo Ciro Flamarion possuía grandes propriedades escravistas. Outro fato interessante da Santa Igreja Católica é que está, assim como os comerciantes emprestava capital para fazendeiros que tinham interesse em manter esse sistema, ou seja, formar os latifúndios que tinham como mão de obra compulsória predominante africana.
Esta mão de obra vinda da África era ``essencial à reprodução do sistema produtivo``. (p. 52) que gerou muito lucro para a época. Na América Espanhola este modelo não foi aderido em grande escala pela população indoamericana já estar dentro de um sistema que foi aproveitado pela Coroa Espanhola
Assim, os jesuítas na América espanhola se utilizaram de mão de obra indígena dentro de suas missões de forma de uma organização aldeã comunal.  Eles concentravam em espaços menores os indígenas com o objetivo deles trabalharem mas de também evangeliza-los, porque eles estavam fazendo ``o trabalho de Deus``.
Os jesuítas tiveram um caráter ambíguo dentro da colonização ibérica, onde em parte, utilizavam a mão de obra escrava africana que gerava grandes lucros a empresários e a Igreja com o comércio de pessoas. Em contrapartida os jesuítas da América Espanhola se utilizavam do trabalho de índios mas por sua vez, os índios não foram escravizados e inclusive o  caráter comunal das terras tornava um ambiente harmonioso para a vida dos indígenas e sem castigos físicos.
A Indo América teve nas Haciendas o trabalho indígena baseado nas Encomiendas. Estas eram pagamento de tributos com a força de trabalho do índio. Este sistema foi mantido pela Coroa Espanhola do que já existia na organização social dos Impérios americanos Pré Colombianos com algumas diferenças.
Agora sob o comando do Rei, os índios eram retirados para regiões longínquas de sua aldeia. Fazendo com que desestruturasse o seu ambiente social, isso era feito propositalmente pelo governo espanhol para quebrar o vínculo dos indígenas com as suas terras. O pagamento de tributos nas Haciendas tinha caráter patriarcal e violenta, mesmo tendo obrigação de evangelizar os índios que trabalhavam naquele local.
Vemos assim que, a mão de obra na América Ibérica dependeu apenas das necessidades de cada região, não seguindo um critério pré estabelecido mas sim pelas características de cada local. Os dogmas da Igreja Católica brindaram os índios de uma escravidão, nos moldes da africana mas os indígenas não conseguiram se livrar das lacunas jurídicas para trabalhar gratuitamente mesmo sem o rótulo de escravos.
O significado da nudez para Colombo e sua tripulação vai muito além da  ausência de roupas. Após a expulsão do paraíso as pessoas passaram a vestir-se e isso foi tido como uma identidade cultural para os europeus, estar vestido significava ser civilizado, ou seja não ser um mero selvagem.
Portanto, estar nú, siguinificava para os europeus a falta de cultura, de ritos, de religião, de costumes, de leis, de armas. Nús de tudo que os europeus consideravam certo e importante.Essa visão, que apróxima o índio de um selvagem está presente no imaginário de muitas pessoas até os dias de hoje pois consideram, assim como Colombo, sua cultura mais civilizada e melhor que a outra.
Além dessa questão, Colombo e sua tripulação consideram: ``Essas gentes muito mais pacíficas e medrosas, nuas [...]`` (TODOROV, p. 49) Esta ideia de que os ``índios``eram pacíficos e muitas vezes vistos como ``covardes``fez com que existisse a teoria do bom selvagem que a grosso modo, imaginava que o homem era bom por natureza. Embates sangrentos e opressão eram frutos da civilização.

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