O autor do livro O Que é Arte da coleção primeiros passos, Jorge Coli, é professor em História da Arte e da Cultura, no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp. Formou-se em História da Arte e Arqueologia (graduação e mestrado) e em História do Cinema (graduação) na Universidade de Provença (Aix-Marseille I, França), doutorado em Estética pela USP, livre-docência e titulação em História da Arte e da Cultura pela Unicamp.
Sua obra ``não é dada a todos`` (p. 126) fundamentalmente por existir grandes dificuldades do acesso à cultura em nosso país. Além dessa problematização Coli trás outros aspectos muito reflexivos acerca da arte. Seu texto simples e direto faz com que entendamos mais facilmente suas comparações e exemplificações. No livro, Coli em uma introdução, cinco capítulos e mais uma conclusão, tenta passar uma visão clara para o leitor do que é arte como objeto artístico.
Sua obra ``não é dada a todos`` (p. 126) fundamentalmente por existir grandes dificuldades do acesso à cultura em nosso país. Além dessa problematização Coli trás outros aspectos muito reflexivos acerca da arte. Seu texto simples e direto faz com que entendamos mais facilmente suas comparações e exemplificações. No livro, Coli em uma introdução, cinco capítulos e mais uma conclusão, tenta passar uma visão clara para o leitor do que é arte como objeto artístico.
Logo na introdução de sua obra, Coli alerta-nos
para a problematização principal que norteará os próximos capítulos, no caso, a
dificuldade e complexidade de definir o que seria arte. Isso porque, se
buscarmos uma resposta clara e definitiva sobre o que é Arte, iremos nos
decepcionar por elas serem divergentes e contraditórias, além de frequentemente
se colocarem na posição de exclusividade e na pretensão de se colocar como
verdade única.
Com isso, o autor tenta buscar uma solução para
o problema da dificuldade da definição do que é Arte. Essa dificuldade está
ligada fundamentalmente pelo fato de existir uma infinidade de trabalhos a
respeito deste tema e, por serem muitas vezes divergentes acaba, agravando
ainda mais tal problemática.
No entanto, Coli discute no capítulo “A
Instauração da Arte e os Modos do
Discurso” que mesmo sem possuirmos uma definição clara e lógica do conceito
“Arte”, qualquer pessoa que tenha algum contato com a cultura, consegue
identificar alguma obra de arte. Isto ocorre pelo fato de nossa cultura possuir
uma noção que denomina solidamente algumas de suas atividades e as privilegia,
ajudando a identificarmos e a nos comportarmos diante da obra que vemos.
Tal comportamento diante da obra analisada, se
instaura por meio de diferentes aparatos culturais, como por exemplo: os
discursos, o local e as atitudes dessa esfera. Tais aparatos nos influencia e
nos molda a reconhecer que determinada obra tem mais valor que outra, criando
uma “hierarquia de objetos artísticos”. Entretanto, Coli problematiza tal
julgamento, pois isso não acredita que existam objetos que sejam mais “arte”
que outros.
Outro autor que trabalha essa questão é
Gombrich, em sua obra História da Arte
ele afirma que os preconceitos devem ser abandonados e a Arte deve ser pensada
como algo que muda e que tiveram valores diferentes em cada sociedade. Por isso o que dizemos ser arte, ou até obra
prima, discutidas no capítulo “A Busca
do Rigor” por Coli são variáveis, e exatamente por esse motivo, a busca do
rigor acaba se tornando muito subjetiva pois os critérios que tentam ser
rígidos para estabelecer o que é arte e o que não é, são critérios vulneráveis
pois, o caráter polifônico e dialógico presente em cada discurso, quebram a
noção de rigor na determinação do estatuto de arte.
Enquanto o rigor é classificado como classificações
estilísticas, o estilo é a recorrência de constantes, e segundo Coli nós
historiadores não podemos nos reduzir apenas à ele para classificarmos uma obra,
afinal falar de estilos quase chega a ser o mesmo de se falar em rótulos, pois
existe um valor excessivo atribuído a esta palavra que tem por objetivo confortar
os admiradores da arte pelo fato de ser muito restrito.
É muito interessante também a diferenciação que
o autor faz entre o crítico e o historiador. O crítico segundo Coli analisa as
obras, valoriza ou desvaloriza o objeto artístico fazendo com que o estilo e o
rigor já bastem para suas análises afinal sua função é apenas seletiva, como se
fosse o juiz que valoriza ou desvaloriza o objeto artístico, utilizando-se da
história das diferentes produções artísticas para a elaboração de seus
critérios. Já o historiador da arte procura em princípio evitar julgamentos de
valor. No entanto, esse caráter objetivo do historiador ao fazer as análises só
se pretende desse modo, pois é uma visão inevitavelmente dialógica, pois o
conjunto de objetos que estuda supõe uma escolha.
Outro autor que discutiu o papel do Historiador
da Arte foi Erwin Panofsky em sua obra Significados nas Artes Visuais. A
discussão que norteia sua obra é o método que o historiador deve utilizar para
trabalhar com a História da Arte. Segundo o autor, o estudo da Arte não deve
ser meramente descritivo e sim mais aprofundado, por isso ele cria um método
específico, conhecido como método iconológico trazendo as especificidades da História
da Arte e rompendo com o tradicionalismo acerca do estudo da história da arte.
A seleção dos objetos artísticos, discutidos no
capítulo “Arte Para Nós” nos mostra que museus, teatros, cinemas de arte, salas
de concerto, revistas especializadas instauram a arte em nosso mundo, pois
selecionam o objeto artístico apresentam-no ou tentam compreendê-lo. Esta
apreciação a determinados “objetos artísticos” têm uma relação direta com o
markiting realizado para aquela obra, como afirmou Castelnuevo em uma de suas palestras.
Segundo Castelnuevo, o markting que existe
acerca de algumas obra, como é o caso
por exemplo da Santa Ceia, acaba fazendo com que as pessoas acreditem que tal
obra seja melhor que a outra, no entanto esse conceito de “melhor”, “pior”,
“mais bonito”, “mais feio” “mais arte” ou “menos arte” relaciona-se diretamente
com o momento histórico da época. Tal ideia vem ao encontro do que Coli também
nos mostrou dizendo que determinado objeto não é mais arte que os outros.
Com isso, o que sabemos sobre arte é uma
projeção e não a permanência do que poderia ser observada e aceita de formas
diferentes em cada tempo, dependendo do sentido que carrega em cada um dos seus
períodos. Por isso que o ‘‘Museu Imaginário’’ que André Malraux trouxe, é
secretado por nossa maneira de pensar,
que vai buscar em todas as civilizações, objetos que são chamamos como “artísticos”. Por isso a ideia de arte “para
nós’ é preciso contar com perturbações que podem ser diminuídas com o esforço
do conhecimento, mas nunca serão eliminadas.
Já no capítulo “Nós e a Arte”, o autor faz
reflexões muito críticas do motivo da Arte não ser vital e apenas fazer parte
da vida das pessoas. Ou seja, a arte é vista como supérflua, bem menos
importante do que comida, roupas, transporte e inclusive muitas vezes acaba
parecendo inútil. Tal discussão feita
belissimamente por Coli me lembrou a
composição Comida realizada pelos
Titãs: afinal como é dito neste fragmento: ‘’A gente não quer só comida, A
gente quer comida, Diversão e arte” , a falta de elementos como a arte faz
falta assim como a comida e a diversão.
Tal problemática também é discutida por
Godechi, que assim como Coli o autor acredita que a Arte não é uma
manifestação menos importante do que as outras.
Para que as pessoas se interessem em Arte, é
necessário que ela tenha um determinado esforço diante da cultura afinal tal
gosto não vem da escola . Ou seja, a pessoa deve aprender a visualizar uma
obra, observá-la e tirar dela o que ela quer nos passar, para daí sim, utilizar
artifícios de textos. Como Coli cita em seu capítulo “A Frequentação”, para entendermos melhor o
que o quadro “A Liberdade sobe as Barricadas” de Delacroix, precisamos saber
sobre a revolução de 1830 da França por isso o estudo da Arte necessita de
outras áreas fundamentais para que haja uma interpretação satisfatória.
No entanto como é salientado na obra, não
podemos considerar que tais esforços bastem, pois com o tempo a arte muda, a
visão da sociedade muda, e consequentemente obras que poderiam ser super estimadas
passam a ser desvalorizadas. Por isso, sempre existirão dificuldades do nosso
contato com as obras e sempre teremos que nos atualizar e enriquecer o nosso
conhecimento. Além desse fator, mesmo
que o difícil acesso das pessoas à arte, ocasionado por interesses ou falta de
interesse das minorias dominantes impere em nossa sociedade, a Arte é ponto de
encontro de todos os povos, arte é a comunhão.
Por fim, a conclusão do autor, por sinal muito interessante por ser provocative,
explica que o livro trata de objeto artístico e que um tratamento teórico sobre
a arte “com A maiúsculo” não chegaria a alguma conclusão que fosse clara e
lógica, ou seja, o objeto artístico não pertence ao campo racional.
REFERÊNCIAS
COLI, Jorge. O que é Arte. Editora Brasiliense, São
Paulo – SP, 1995
GOMBRICH, E. H.
História da Arte. São Paulo:
Círculo do Livro, 1999.
GOMBRICH, E. H.
Meditações sobre um Cavalinho de Pau. São Paulo:
Editora 34, 1998.
PANOFSKY, Erwin, Significado nas Artes Visuais, São
Paulo: Perspectiva, 1991.
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